A coisa que mais me entristece, nisto de tar longe de casa, é receber noticias de morte de alguém. E têm sido constantes! Desde 2008, ano em que chegamos, 4 pessoas da minha familia faleceram, incluindo o meu avô, a minha avó e 2 tios. Da família do meu marido faleceu também uma tia há pouco tempo. Receber essas noticias assim, estando longe, é um grande misto de sentimentos...Eu não consigo fazer o luto como deveria ser feito. E vou a Portugal e ainda espero encontrar essas pessoas...E dói não me ter despedido delas...O meu marido acha que é até melhor não estarmos lá nestas situações, eu não sei...
E lembrei-me desta conversa pois disse-me agora o meu pai que o barbeiro lá do sitio onde vivem faleceu. Conheço-o desde que me lembro de mim. Era novo, nem 50 anos. Teve um AVC. Que injustiça. Aliás, só vejo injustiças ultimamente. Que descanse em paz.
4 comentários:
bjs minha querida
Viva João,
Estou emigrada há quase 4 anos (de vez em quando comento aqui no teu blogue) e também já perdi uma pessoa de família estando fora. E nem me pude despedir dela nem nada.
Concordo com o teu marido, mais vale não estar lá. Já não se pode fazer nada pois já aconteceu e estar fora ou na rua ao lado para mim, sinceramente, é a mesma coisa... podemos demorar um pouco mais a chegar mas chegamos. E já vi pessoas que moravam a 200 km de distância chegarem mais depressa de transporte público (que tem de obedecer a horários não muito flexíveis) do que outras que moravam a uns míseros metros da pessoa que partiu... portanto a distância é relativa...
A vida é assim, temos de lutar por ela e se nos oferecem melhores condições de vida fora... a nossa casa é onde pousamos o chapéu. Pelo menos é assim que eu penso.
Quanto a fazer lutos... não é a ver a pessoa morta que eu vou conseguir fazer o luto. Ou a despedir-me, ser a última pessoa a ver quem gosto pela última vez... sei lá eu se aquela é realmente a última vez que vejo aquela pessoa? Já me aconteceu sonhar tantas vezes com quem já partiu e foram sonhos tão agradáveis e reconfortantes!
Para mim aquela pessoa nem partiu para o 'Piso 1' mesmo, está aqui num cantinho do meu coração e continua viva. Basta eu lembrar-me dela todos os dias. É a lembrar-me das pequeninas coisas, dos pequenos detalhes que antes até nem prestaria grande atenção. É a conversar mentalmente com a pessoa que partiu. É ter a felicidade até de sonhar com ela e manter boas conversas em sonhos.
E pensar que um dia nos vamos cruzar outra vez.
É, no fundo, procurar aceitar o que a vida coloca no caminho da melhor forma que se consegue... não é fácil mas também o que é que é fácil? Coisas fáceis não têm grande paladar, não sabem a nada... eu penso assim.
Desculpa o longo comentário.
Dias melhores virão.
Continuação de boa sorte com a tua gravidez e desejo que tenhas um parto muito feliz. Tenta concentrar-te nos teus filhotes agora.
Beijinhos
M.João, Noruega
(também estou grávida :) )
Olá Maria João! Parabéns pela gravidez:) Sim, concordo com cada palavrinha que escreveste. O que mais custa é não me poder habituar à ausência fisica das pessoas que partem por não estar em Portugal, entendes? Só isso é que dificulta mais o luto, a meu ver!
Bjinhos.
Compreendo muito bem o que escreveste, aliás, já antes tinha compreendido. Sim, o que referiste custa imenso... custa não ver a pessoa, não lhe ouvir mais a voz, entre tantas outras coisas. E é melhor parar senão as hormonas ganham terreno e é aqui uma choradeira com direito a baba e ranho.
Era bom que houvesse fórmulas, soluções como há nos manuais de instruções...
Tento não pensar muito na ausência física... para não doer tanto. Tento ocupar a cabeça com outras coisas senão vou-me ainda mais abaixo e isso não vai adiantar nada. Claro que quando perder pessoas ainda mais próximas vou sofrer bem mais, amargar e penar bem mais...
Fazer o quê? Além de tentar viver um dia de cada vez da melhor forma possível, não há muito que se possa fazer. A verdade é essa.
A não ser amar os que nos são próximos da melhor forma possível e criar laços bons, fortes com quem vem a caminho... sempre ajudará de alguma forma...
O teu texto fez-me lembrar um outro que li há bocado do Miguel Esteves Cardoso. Podes lê-lo aqui:
http://www.citador.pt/pensar.php?op=10&refid=201106200941&author=1133
Tudo de bom para ti e para os teus, João. Uma gravidez já tem muito que se lhe diga e lidar com perdas durante essa viagem maravilhosa de um ser que ainda não se conhece deve ser muito complicado mesmo.
Beijinhos.
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